Imagine chegar ao balcão de um café, num dia de calor, e pedir uma cerveja de pão alentejano e aguardente de medronho, com alecrim ou com orégãos
Esquisito? É provável que pense que sim. Mas são estes os sabores que pode encontrar nas novas cervejas artesanais AleN'Tejo, um projecto que está a nascer na aldeia de Sabóia, no concelho de Odemira, pelas mãos de Sérgio Rodrigues, de 38 anos, que há muito tinha o hobby de produzir cerveja em casa.
Tudo começou há cerca de dois anos, quando Sérgio, a mulher e os filhos deixaram para trás Lisboa e decidiram ir viver para a terra da sua mãe, Sabóia. "Tínhamos facilidade em trabalhar em casa e então fizemos as malas com os miúdos", recorda ao "SW", explicando que a ideia do casal passava pela criação de um projecto agrícola e uma destilaria, visando a produção de aguardente de medronho.
O projecto agrícola ainda não avançou, "porque estas coisas demoram mais tempo a ser colocados em prática", conta Sérgio Rodrigues, que entretanto se apercebeu das semelhanças entre a produção de aguardente de medronho e de cerveja. E assim nasceu o projecto da AleN'Tejo ("ale" é a palavra alemã para cerveja). "Acabámos por recuperar uma casa que estava em ruínas e já temos o espaço para funcionar a fábrica. Só dependemos agora de algumas burocracias, licenciamentos e afins", diz.
Para a sua produção Sérgio Rodrigues recorreu ao que mais tradicional há na região. E assim criou quatro cervejas completamente surpreendentes. "Temos uma Cream Ale com alecrim, uma Pale Ale com orégãos, uma Blonde Ale com sementes de coentros e uma Stout [cerveja preta] com pão caseiro alentejano e aguardente de medronho chamada 'Punkaseiro'
Portanto estamos a tentar enaltecer o que é regional dentro de estilos [de cerveja] que já estão definidos", adianta.
A produção a "sério" da AleN'Tejo só deverá começar lá para Setembro, mas a cerveja artesanal produzida em Sabóia já está disponível nas lojas Rural Store e em diversos restaurantes da região e do Algarve. E o sucesso está a ser enorme!
"Não há para as encomendas! [risos] A resposta tem sido boa e vamos tentar produzir para corresponder às exigências dos clientes", observa Sérgio Rodrigues, que ainda assim não pensar em produzir milhares e milhares de litros de cerveja na sua fábrica em Sabóia.
"A ideia não é fazer uma coisa megalómana, mas sim ter uma produção limitada, artesanal e com qualidade. Porque não queremos aumentar a produção e deixar de respeitar o que é essencial", conclui.