07h00 - sábado, 17/11/2018

Odemira recorda a
greve nacional de 1918

Odemira recorda a greve nacional de 1918

O ano de 1918 deixou na história de Portugal a memória de tempos conturbados. Desde logo pela presença de soldados portugueses na I Grande Guerra Mundial, a par da carestia que afectava grande parte da população, sobretudo a que vivia nas zonas rurais. Havia revolta entre as pessoas e tudo redundou, em Dezembro, no assassinato do então Presidente da República, Sidónio Pais. Não sem que antes, a 18 de Novembro, se tenha registado a primeira greve geral nacional, convocada pela União Operária Nacional e que teve fortes repercussões no concelho de Odemira.
Esta greve "teve forte impacto no concelho de Odemira, não tanto enquanto paragem de actividades económicas, mas como um momento em que, acossada pela fome, boa parte da população camponesa, alguma organizada em associações, se agita e, simultaneamente, os detentores do poder e da riqueza, amedrontados pelo que classificavam como a subversão da ordem social, de influência anarquista, se mobilizam, armados e com o apoio policial e do exército", recorda ao "SW" António Martins Quaresma.
Este historiador é um dos três convidados do colóquio que a associação GESTO – Grupo de Estudos do Território de Odemira vai organizar neste fim-de-semana, 17 e 18 de Novembro, em Odemira e Vale de Santiago para assinalar o centenário da greve nacional de 1918.
Segundo António Martins Quaresma, estes foram meses tumultuosos para Portugal, onde o "sidonismo" representou "uma nova bipolarização na sociedade portuguesa, que abriria o caminho para uma outra República e, finalmente, para o Estado Novo". Mas antes da morte de Sidónio e da greve nacional já o concelho de Odemira tinha estado no "olho do furacão" meses antes, com a revolta dos trabalhadores rurais em Vale de Santiago.
"Na sequência dos acontecimentos verificados no concelho, dezenas de homens, acusados de pertenceram a um grupo anarquista e de planearem uma insurreição foram presos e deportados para Angola, sem julgamento, alegadamente por ordem pessoal de Sidónio Pais", lembra António Martins Quaresma.
Por isso mesmo, continua o historiador, "o clima de 'guerra civil' e a repressão que se abate sobre, principalmente, os trabalhadores rurais caracterizam o panorama social em algumas das áreas do concelho de Odemira".
É por tudo isto que a greve nacional de 1918 acaba por ser "muito marcante no Alentejo e, em particular, no concelho de Odemira". "A crise das subsistências continuou e as tensões sociais também, mas estava-se a entrar num ciclo em que a revolta popular era mais severamente reprimida", nota António Martins Quaresma.
Só após a morte de Sidónio Pais e de dominadas as revoltas monárquicas de Janeiro de 1919 é que esses homens regressaram a casa. "Mas na aldeia de Vale de Santiago, a Comuna da Luz, criada pelo anarquista libertário António Gonçalves Correia, que nada teve a ver com as ocorrências, acabou por ser 'varrida' pela repressão", remata o historiador.


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