Cerca de 195 hectares de mato e floresta destruídos, perto de meio milhar de árvores queimadas e mais de quatro dezenas de animais mortos: é este o balanço, ainda provisório, do grande incêndio que na passada semana lavrou na zona da Cova da Zorra, na freguesia de São Luís (Odemira). Durante três dias, com algumas reactivações pelo meio, as chamas não deram descanso a bombeiros e população, com momentos difíceis de esquecer.
"Foram horas e dias de muita preocupação", reconhece o presidente da Junta de Freguesia de São Luís em declarações ao "SW". "Foram dias exigentes e de muita preocupação, que pese embora todos os prejuízos e recursos afectados, ficamos agradecidos pela dedicação e colaboração de todas as equipas de combate, com destaque para as corporações de bombeiros, porque só esse espírito de missão impediu que a tragédia não fosse maior", acrescenta Fernando Parreira.
De acordo com o autarca do PS, uma das preocupações sentidas ao longo destes dias teve que ver "com a possibilidade do incêndio ameaçar habitações ou comunidades, provocando vítimas e desalojados", devido à constante mudança da direcção dos ventos.
"Houve igualmente uma inquietação forte com o desenrolar do incêndio, que ia dando conta do queimar de muitos hectares de terreno com montado e área florestal. Essa inquietação ganhou ainda maior expressão quando soubemos da trágica morte de animais, sobretudo de bovinos", continua Fernando Parreira.
O autarca lembra que houve igualmente "a preocupação, e um cuidado especial, com toda a exigente logística do teatro de operações montado pelo Comando Distrital da Protecção Civil" na Junta de Freguesia, que impunha "uma articulação" entre equipas "para que estivesse garantido um conjunto de condições, como a alimentação dos operacionais". "Há a realçar, neste aspecto, o empenho do nosso executivo, de funcionários, da Casa do Povo de São Luís, de voluntários e de pessoas e entidades, que ofereceram bens quando solicitados", frisa.
De momento procede-se ao levantamento dos danos causados pelo incêndio por parte da GNR, sendo que os dados provisórios apontam para uma área ardida de 195 hectares, mais de 500 árvores ardidas e cerca de quatro dezenas de bovinos falecidos. Números que o presidente da Junta de Freguesia admite que possam ser bem mais graves.
"Há obviamente um levantamento de danos e prejuízos particulares que os proprietários afectados estarão a apurar e é difícil termos esse feedback na Junta de Freguesia", nota, adiantando ter conhecimento de que "há proprietários afectados que vão avançar com queixas-crime para com os eventuais causadores do incêndio". "Por outro lado, desconhecemos se existem proprietários com algum tipo de cobertura de seguro que possam abranger alguns danos", complementa.