Era uma vez um palco onde todos e todas tinham o seu lugar. Um palco onde as diferenças de cada um enriqueciam o outro. Um palco em que a inclusão era a "actriz principal", tornando possível todos os sonhos... Era uma vez uma peça de teatro com tudo isto e muito mais, que acaba de encantar todos aqueles que a presenciaram no último fim-de-semana, 7 e 8 de Dezembro, primeiro em São Teotónio e depois em Odemira. Porque a peça "Era uma vez a vida" consegue transpor para palco aquela era a sua grande ambição: promover a inclusão pela arte!
"Era uma vez a vida" é uma iniciativa da Associação de Paralisia Cerebral de Odemira (APCO), produzida e encenada por Mariana Parreira e dinamizada no âmbito do projecto "Artínclui-Incluir com Arte no Concelho de Odemira", financiado pelo programa "Sinergias Sociais 2019", da Câmara de Odemira. Uma peça que nasceu com dois grandes objectivos, complementares entre si: promover uma actividade artística que juntasse pessoas com deficiência/ doença mental clientes da APCO, alunos do ensino secundário e outras pessoas da comunidade, e apresentar ao público um espectáculo promotor de inclusão.
"A concretização deste projecto na APCO no ano em que esta comemora o seu 18º aniversário constituiu mais uma forma de promover a inclusão e a sensibilização da comunidade para as capacidades e contribuições das pessoas com deficiência, tal como prevê a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência", nota com orgulho a directora-técnica da associação.
Em declarações ao "SW", Ana Teresa explica que os clientes da APCO "participaram desde o início activamente no projecto, quer com propostas para os momentos cénicos, escolhendo os seus papéis e a forma de os representar, quer na participação nos momentos de ensaio em que participaram em dinâmicas conduzidas pela encenadora".
"Esta experiência empoderou o grupo na sua capacidade de auto-determinação e na validação externa das sua próprias capacidades pelo entrosamento que houve entre todos os participantes, clientes, colaboradores da APCO, elementos adultos e jovens da comunidade", vinca.
O resultado final é a peça "Era uma vez a vida", que surge, no entender desta responsável, "como uma oportunidade de mostrar, através da arte, a riqueza da diferença, a riqueza da convivência entre todo e todas numa comunidade que inclui". "As pessoas externas à instituição, pela vivência e trabalho conjunto com os clientes, tiveram a oportunidade de desmistificar algumas ideias preconcebidas em relação à pessoa com deficiência e criar relações próximas e individualizadas assentes num conhecimento real das pessoas", acrescenta Ana Teresa.
Para já, "Era uma vez a vida" tem sido um sucesso pelos palcos onde passou, havendo por parte da APCO "abertura para a realização de mais sessões". Depois, a associação irá manter a aposta em utilizar a(s) arte(s) "como ferramenta de inclusão".
"Mantemos acções já regulares com parceiros externos na área da música e da pintura, com participação em acções na comunidade e concursos de arte. Em relação à expressão através do teatro e da dança, são áreas que pretendemos explorar de uma forma mais formal, mas que estando ainda em decurso o actual projecto 'Era uma vez a vida' não temos à data novas acções previstas", conclui Ana Teresa.