O movimento "Juntos pelo Sudoeste" veio a público exigir "responsabilidade social" às empresas agrícolas dos concelhos de Odemira e de Aljezur, onde trabalham centenas de pessoas de origem estrangeira, no combate à pandemia de Covid-19 que afecta Portugal.
Em comunicado enviado ao "SW", o movimento exige responsabilidade social das empresas "para com os trabalhadores que contratam, com medidas apertadas de rastreio, segurança e contenção de Covid-19, e que ajudem efectivamente as autoridades de saúde, já injustamente sobrecarregadas com problemas causados por esta indústria".
A posição do "Juntos pelo Sudoeste" surge depois do comunicado, emitido na passada semana, da AHSA-Associação dos Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur, onde esta afirma que "as suas empresas 'continuam a operar' e alimentam 'a cadeia de distribuição nacional e internacional' apesar da pandemia de covid-19".
No comunicado, o movimento afirma que "as empresas do universo AHSA alimentam, sim, os supermercados dos países do centro e norte da Europa, já que as próprias afirmam que 80% da sua produção é para exportação, e é aí que têm os seus compromissos contratuais".
O "Juntos pelo Sudoeste" revela ainda ter pedido "recentemente à AHSA que emitisse um comunicado, que nunca chegou, para tranquilizar a população dos municípios de Odemira e Aljezur sobre os planos de contingência respeitantes à sua força laboral, constituída por milhares de imigrantes desprotegidos, em situação precária e vulnerável, que não falam português, vivem amontoados em casas degradadas, são transportados em carrinhas com a lotação completa e muitos trabalham dentro de estufas".
"Coincidentemente e como já seria de esperar, este comunicado da AHSA sai no mesmo dia em que se conheceu o primeiro caso de infecção no concelho de Odemira, exactamente de um trabalhador agrícola estrangeiro que chegou à região há pouco tempo, assim como da quarentena imposta a um grupo de 17 cidadãos de origem nepalesa, que estão agora a cargo das autoridades portuguesas, num pavilhão de uma escola de São Teotónio", acrescenta o comunicado.
O movimento frisa ainda que o facto de as empresas agrícolas da região continuarem a operar "nas condições em que trabalham e vivem estas pessoas" poderá "colocar em risco a saúde de milhares de pessoas que podem ser contagiadas e ser um foco de infecção para o resto do Baixo Alentejo e Algarve".