O concelho de Sines é um dos 121 municípios portugueses (serão 191 a partir de segunda-feira, 16) com medidas excepcionais de confinamento devido ao elevado risco de transmissão da Covid-19. Por isso mesmo, desde a passada segunda-feira, 9, que a população está obrigada ao recolhimento obrigatório das 23h00 às 5h00 nos dias de semana e das 13h00 às 5h00 aos fins-de-semana.
Durante este período está igualmente proibida a circulação na via pública, sendo admitidas excepções como deslocações a trabalho, regresso ao domicílio, fazer compras, passear animais de estimação, praticar actividade física e situações de emergência. A população concorda com estas medidas definidas no âmbito do Estado de Emergência, mas os comerciantes consideram que é mais uma "machadada" nas empresas de restauração.
Jorge Santos, proprietário de um restaurante, diz ao "SW" que "a situação está muito complicada". "Aqui vivíamos muito dos almoços que servíamos aos trabalhadores, mas algumas grandes obras estão suspensas e tudo isso parou. Actualmente servimos meia dúzia de refeições, o que mal dá para pagar as despesas do dia-a-dia", conta.
Em relação ao futuro, este empresário mostra-se muito preocupado. "Fechar durante a semana às 22h30 não nos permite servir jantares, porque quem chegar depois das 21h30 já não podemos servir. E agora fechar ao fim-de-semana é mais uma machadada no negócio. Para fechar às 13 horas não podemos servir refeições e é melhor nem abrir".
O empresário acrescenta que, "até ao momento", ainda não dispensou "nenhum trabalhador, porque estava à espera que as coisas melhorassem". "Mas se o Governo não nos apoiar e se a situação continuar assim, vou ter que dispensar funcionários e não sei se mesmo assim vou aguentar. Vamos esperar para ver o que vai acontecer até ao final do ano, mas estou muito preocupado".
Na rua, a população, principalmente mais idosa, concorda com as medidas. Maria Custódia, de 72 anos, considera que as restrições servem "para evitar abusos". "A mim não me afecta, pois só saí de casa para fazer algumas compras e tomar um café".
Ana Patrícia, de 32 anos, também concorda com as medidas, porque "muitas pessoas não têm cuidado e, para bem de todos, devemos proteger-nos e evitar o contacto com outras pessoas".
"Devemos cumprir todas as regras e não facilitar em nada. Estou muito preocupada com o número de casos em Sines e por isso só saio de casa para fazer compras e trabalhar, porque não quero colocar em risco a minha família", revela ao "SW".
António Santos, de 54 anos, afirma que "é uma situação muito grave" que nunca pensou "viver". "Temos de ter muito cuidado e respeitar todas as normas. Eu venho aqui ao café, vou trabalhar e depois vou para casa. Vamos esperar que passe e que tudo volte ao normal, mas a crise vai ser grande, não tenho dúvidas. O desemprego e a fome vão disparar no nosso país", conclui.