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09h38 - quinta, 15/02/2018
A importância das autarquias
Carlos Pinto
O líder da Partex, a petrolífera que é propriedade da Fundação Calouste Gulbenkian, deu nesta semana que passou uma entrevista ao "Público". Uma conversa onde António Costa e Silva revela, entre outras questões, que a empresa já colocou de parte os projectos de prospecção de hidrocarbonetos (petróleo) que tinha previsto para as zonas costeiras do Alentejo, do Algarve e de Peniche. E sem rodeios, o administrador da Partex justificou a decisão com o facto de o actual Governo, na sua opinião, agir "em função do que dizem os autarcas e a opinião pública".
Ora se o presidente da Partex tem toda a legitimidade em expressar a sua opinião, tal não significa que esta seja a mais acertada. E neste caso em concreto, a opção por um discurso de diabolização do papel dos autarcas e das autarquias parece-nos desfasada daquilo que é a realidade.
Convém lembrar que o Poder Local foi uma das grandes conquistas de Portugal no pós-Revolução de Abril. Foi através dele e dos seus eleitos, homens e mulheres cuja grande ambição é, sobretudo, servir as suas populações, que o país deu enormes passos rumo ao desenvolvimento que era almejado por todos. Foi com o Poder Local que as vilas e aldeias (nomeadamente as do interior) se requalificaram e modernizaram. Foi o Poder Local que construiu grande parte das infra-estruturas e que criou novas dinâmicas económicas e sociais. Foi com o Poder Local que muitas pessoas puderam ter finalmente acesso à Educação, à Cultura e ao Desporto.
É pois de todo injusto colocar nos autarcas (e nas autarquias) o ónus de serem um entrave a uma determinada concepção de desenvolvimento e investimento. Os autarcas (e as autarquias) serão sempre parte interessada naquilo que melhor for para as suas populações e para as suas terras. E neste caso, como em muitos outros, se autarcas (e autarquias) têm mostrado ser acérrimos opositores da aposta na prospecção de petróleo ao largo da costa portuguesa é porque, de facto, estes projectos têm muitos mais contras que prós. Seja para as suas terras, seja para o próprio país.