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15h30 - quinta, 01/08/2019
A sexualidade após um enfarte agudo do miocárdio
Cláudia Silva
As doenças cardiovasculares, como o enfarte agudo do miocárdio (EAM) são a principal causa de morte nos países industrializados, bem como a causa de elevadas taxas de morbilidade. A vivência de uma situação de doença implica vários processos de transição que influencia, entre outros, a sexualidade da pessoa. As pessoas sexualmente ativas antes de um episódio de EAM tendem a apresentar redução do desejo e diminuição na frequência da atividade sexual. O principal fator que motiva esta alteração é o medo de que o esforço inerente possa desencadear um novo episódio cardíaco.
Durante a realização das atividades de vida diária ocorre um aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial, o que representa o aumento do consumo de oxigénio. Com base neste pressuposto criou-se a crença de que a diminuição/eliminação da atividade sexual poderia constituir uma medida necessária pelo menor risco de novo evento cardíaco. Em consequência, a comparação entre as atuais capacidades e as anteriores ao evento cardíaco, pode contribuir para alterações a nível psicológico e emocional da pessoa e do casal. A falta de informação reforça a propagação de crenças como esta, com impacto negativo na qualidade dos mesmos.
Neste sentido, a intervenção de profissionais de saúde especializados é determinante para a redução do impacto da vivência de um EAM, como seja através da transmissão de informação, aconselhamento e gestão da atividade sexual, incluindo informação de quando e como recomeçar a atividade sexual.
Segundo a American Heart Association, a atividade sexual com coito pode ser retomada uma semana após um episódio de EAM não complicado, sendo que a realização de uma prova de esforço pode fornecer recomendações mais personalizadas. O esforço despendido em cada atividade é avaliado pelo consumo de energia, numa escala de 3 a 15 METs (equivalentes metabólicos).
A atividade sexual é geralmente de intensidade leve a moderada, sendo que a intensidade do esforço físico oscila entre 2 e 3 METs na fase pré-orgástica, atingindo um máximo de 5 a 6 METs na fase orgástica. Ora, este consumo energético é comparável, por exemplo, a caminhar em ritmo moderado numa superfície plana ou subir dois lances de escada de seguida (em cerca de 10 a 15 segundos).
Deste modo, se no decorrer da prova de esforço a pessoa concluir o patamar correspondente ao consumo de energia de 5 METs, sem sintomas cardiovasculares, poderá estar recomendada o reinício da atividade sexual (ainda que com algumas orientações quanto ao modo). Caso a pessoa tolere um esforço equivalente a 7 METs o reinício da atividade sexual pode mesmo estar indicada sem restrições especiais.
Assim, a vivência de um evento isquémico não é sinónimo de anulação da atividade sexual. Envolva-se na sua saúde e procure aconselhamento de profissionais especializados!