10h33 - quinta, 10/11/2022
O inverno está a chegar...
Carlos Pinto
Na afamada série televisiva "Guerra dos Tronos", o mote que acompanhou todas as temporadas era "The winter is coming" ("O inverno está a chegar"). A frase aludia ao tempo de trevas e tormentas que se aproximava do reino de Westeros, prenunciando um futuro negro e sem esperança apesar dos dragões e outros cavaleiros.
Neste momento, um pouco por toda a Europa, a mesma frase é repetida vezes e vezes sem conta por cidadãos, empresas e governos
Não por a ficção se ter tornado realidade e haver uma ameaça sobrenatural no horizonte, mas sim porque o risco de uma grave crise social, económica e política no "Velho Continente" parece ser cada vez mais uma inevitabilidade.
Desde fevereiro, com o espoletar da guerra causada pela invasão russa da Ucrânia, que a situação se tem agravado. À crise humanitária decorrente da "onda" de refugiados juntou-se o aumento bruto no preço das matérias-primas, a estagnação da economia (sobretudo na Alemanha) ou o crescimento das taxas de juro, que teve impactos quase imediatos no nosso dia-a-dia.
A tudo isto há ainda a acrescentar o facto de os custos com a energia terem disparado como há muito não se via, o que é ainda mais preocupante tendo em conta a proximidade daquele que promete ser o inverno mais frios dos últimos tempos.
Os tempos são, portanto, de elevado risco e muita incerteza. Cabe à União Europeia encontrar um caminho que nos transporte a todos para fora deste cenário. Atuando com assertividade e de forma imediata, não deixando ninguém para trás. Caso contrário, o inverno que está para chegar pode ser desolador
2. Além dos custos com a energia, também a inflação aumentou a níveis impensáveis em toda a Europa, sobretudo depois da crise causada pela Covid-19. A resposta das entidades com responsabilidades nesta matéria, nomeadamente o Banco Central Europeu (BCE), foi a "clássica" (e mais fácil), ou seja, aumentar as taxas dos juros bancários para travar o consumo e, consequentemente, abrandar o ritmo da inflação. Contudo, as últimas semanas deixam antever que se pode estar "a matar o doente com a cura". Esperemos bem que haja bom senso no BCE nos próximos passos a dar. Caso contrário, a inflação poderá ser o menor dos nossos problemas.
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