09h57 - quinta, 18/04/2024

Sines, a expansão da cidade depois do porto (5)


Silvano Silva
O artigo aborda as mudanças no território de Sines devido à implementação do complexo industrial e do porto de águas profundas. As características naturais da Costa de Sines, aliadas à sua posição estratégica, proporcionaram as condições ideais para o desenvolvimento de um porto de águas profundas. Este porto trouxe à cidade de Sines um maior conforto económico. No entanto, a própria cidade acaba por ser prejudicada pelas condições naturais que possibilitaram a construção do porto; os diversos trabalhos realizados no território acabaram por estrangular o aglomerado urbano em detrimento de vários equipamentos portuários e industriais. O objetivo do trabalho é traçar uma linha transversal da cidade de Sines ao longo da construção do porto.

As alterações na cidade
Sines 1978 – Em 1972, foi criado o Complexo de Sines, gerido pelo GAS, dando origem ao grande desenvolvimento da região. Com o início das obras portuárias, Sines sofreu um aumento demográfico significativo. Estima-se que apenas 9% das construções em Sines tenham sido feitas antes de 1919. De acordo com Alcídio Carvalho, "uma parte significativa das edificações terá sido construída entre 1971 e 1980, abrangendo a implantação do empreendimento de Sines e a constituição do GAS" (Carvalho, 2005. P.55). Na década de 1970, o GAS procedeu à expropriação de quase 60% do território, numa iniciativa em grande escala com vários projetos para a implantação de indústrias. Na época, não houve uma grande preocupação com a infraestrutura construída. Os projetos de execução do empreendimento de Sines visavam transformar a cidade num aglomerado de apoio ao complexo portuário.
Contudo, a realidade seguiu um caminho oposto ao planeado: o número máximo de 5000 habitantes previstos nos planos originais, para a cidade de Sines, foi superado em 1976. Além dos 6.000 habitantes já estabelecidos, juntou-se uma população flutuante composta essencialmente por trabalhadores da construção civil e montagem de equipamentos. Esta população flutuante representava um número adicional de habitantes entre 5.000 a 6.000 pessoas. A cidade não tinha capacidade para acomodar toda essa massa humana que se juntou a Sines. Tornou-se então necessário rever os limites previamente pensados para o desenvolvimento de Sines (Carvalho, 2005. P.55).
A Vila Nova de Santo André, que até meados do século XIX dependia essencialmente da agricultura e da pesca, conheceu um grande desenvolvimento. O GAS construiu na freguesia um centro urbano, onde previa alojar cerca de cinquenta mil trabalhadores da plataforma industrial. Naquela época, Portugal administrava as colónias e o petróleo proveniente de Angola. Com a construção do porto de águas profundas, antevia-se um grande desenvolvimento industrial para a região (Junta de Freguesia de Vila Nova de Santo André, JFVNSA, 2016).
Com a queda do regime em 25 de abril de 1974, Portugal perdeu o controle das colónias e do petróleo proveniente de Angola. Esta situação criou naturalmente um revés importante. Todo o complexo sofreu alterações na dinâmica comercial, o que se refletiu na dinâmica urbana. Como o complexo industrial não evoluiu conforme previsto, a dinâmica populacional não foi a esperada. A evolução do parque habitacional que se projetava estagnou em paralelismo com a evolução do complexo industrial.


Trulli
Fig. 20: Planta de Sines (sec. XVI). Descrição e plantas da costa, dos castelos e fortalezas, desde o reino do Algarve até Cascais, da Ilha Terceira, da Praça de Mazagão, da Ilha de Santa Helena, da Fortaleza da Ponta do Palmar na entrada do rio de Goa, da cidade de Argel e de Larache | https://digitarq. Arquivo Nacional Torre do Tombo




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Fig. 21: Fotografia aérea de reconhecimento do território (1947) | Voo RAF, Instituto Geográfico do Exército




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Fig. 22: Planta de Sines, (Fundação) Projeto Avançado III / IV 2015-2016 | Universidade de Évora




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Fig. 23: Planta de Sines, (1960) Projeto Avançado III / IV 2015-2016 Universidade de Évora




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Fig. 24: Fotografia Aérea Reconhecimento do território 1977 | Direção-Geral do Território (1977) | Fotografia aérea de reconhecimento do território




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Fig. 25: Planta de Sines, (1980) Projeto Avançado III / IV 2015/2016 Universidade de Évora




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