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17h10 - quinta, 02/05/2024
Perigos dos novos tempos
Carlos Pinto
O primeiro-ministro de Espanha, o socialista Pedro Sánchez, anunciou, no início desta semana, que continuará à frente do Governo deste país, depois de cinco dias de reflexão após um tribunal de Madrid ter confirmado a abertura de um "inquérito preliminar" por alegado tráfico de influências e corrupção da sua mulher, Begoña Gomez, na sequência de uma queixa de uma organização conotada com a extrema-direita baseada em alegações e artigos publicados em páginas na Internet e meios de comunicação digitais.
Em causa estariam alegadas ligações de Begoña Goméz a empresas privadas, como a companhia aérea Air Europa, que receberam apoios públicos durante a crise da pandemia ou assinaram contratos com o Estado quando Sánchez era já primeiro-ministro.
O Ministério Público espanhol até pediu, logo no dia seguinte, o arquivamento da queixa, por considerar não haver indícios de delito que justifiquem a abertura de um procedimento penal, mas o certo é que o caso se arrastou na esfera mediática e política durante dias, quase levando à queda de um Governo já de si assente em alianças frágeis.
Todo este episódio é demonstrativo dos perigos que nos assolam nestes novos tempos de globalização, em que a informação circula à velocidade da luz, muita das vezes sem ser devidamente verificada, comprovada e atestada por quem tem essa responsabilidade, causando danos (por vezes) irreparáveis nos visados.
O advento da Internet representa, sem dúvida, uma mais-valia para as nossas sociedades. Melhorou a comunicação, aumentou a proximidade e possibilitou uma maior eficiência (e eficácia) de procedimentos em muitas áreas. Mas existe também o reverso da medalha, como são exemplo os ataques cibernéticos que permitem que dados pessoais e outros caiam nas mãos erradas ou as redes sociais, onde a desinformação ganhou palco como nunca tinha tido e os boatos e suspeitas passam a verdades quase "absolutas".
Tudo isto faz com estes sejam tempos perigosos, que ameaçam a nossa liberdade e a vida democrática. É por isso imperioso estarmos atentos e sermos muito criteriosos com aquilo que vemos, ouvimos e lemos.