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15h50 - quinta, 01/03/2018
Pior a emenda que o soneto
Carlos Pinto
Já muito se escreveu e disse sobre o projecto que junta as petrolíferas GALP e ENI na ambição de avançarem com a prospecção de hidrocarbonetos ao largo da costa do Alentejo Litoral, em busca, nomeadamente, de petróleo e de gás natural. Uma operação que está muito longe de ter garantias de sucesso, mas que certamente terá profundas repercussões negativas nas dimensões económica e social de uma das zonas mais belas da Europa. Até porque mesmo que se encontrasse "ouro negro" por estas bandas, quem mais beneficiaria com a descoberta não seria o país, mas sim os accionistas das duas petrolíferas com a italiana ENI à cabeça, uma vez que tem 70% do capital do consórcio
Este processo tem sido longo e bastante contestado por quem mais razões tem para o fazer: populações, autarquias, associações ambientalistas e empresários ligados ao sector turístico e outras actividades. Tudo tem esbarrado na burocracia e na legitimidade dos procedimentos administrativos. Mas eis que o Governo teve em mãos a possibilidade de, legalmente, fazer cair o projecto: bastava ter seguido o parecer dos municípios e não autorizar a prorrogação do prazo de execução do furo prospectivo, que expirou no fim de Janeiro Infelizmente não foi isso que aconteceu, sendo mesmo difícil de compreender os argumentos invocados no despacho assinado pelo secretário de Estado da Energia. É caso para dizer que "foi pior a emenda que o soneto"
Ainda assim, não devemos baixar os braços. E certamente que os argumentos defendidos na posição pública assumida na passada semana, em Loulé, por mais de 30 entidades públicas e privadas do Alentejo Litoral e Algarve [ver notícia na página 4 desta edição] chegarão com sucesso junto do primeiro-ministro e do Presidente da República. Caso contrário, corremos o risco de ver projecto avançar mesmo. E até se poderá encontrar petróleo e gás natural em abundância. Mas pelo meio assistiremos a um verdadeiro atentado ambiental (e social) sem que haja culpados à luz da lei e com bastantes vítimas.
2. Esta é a centésima edição do "SW". Um número redondo que nos enche de orgulho e serve de estímulo para continuarmos a levar aos nossos leitores um jornal credível e atento, com histórias das nossas gentes e o retrato dos momentos mais importantes deste imenso território. Uma centena de edições que recordamos ao longo destas páginas, num exercício de memória sobre aquilo que fizemos e aquilo que foi acontecendo pelo Sudoeste!