A possibilidade de terem de acorrer a um grande incêndio na área florestal do município, associada à escassez de água, é a maior preocupação dos comandantes das duas corporações de bombeiros voluntários do concelho de Odemira no arranque do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para 2022.
O primeiro reforço do DECIR neste ano aconteceu no passado domingo, 15, tendo o Governo, através do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, anunciado um aumento de operacionais e viaturas, mantendo-se os meios aéreos em igual número a 2021.
No seio dos Bombeiros Voluntários de Odemira, "a equipa de combate a incêndios vai manter-se igual ao ano passado", revela ao "SW" o comandante Luís Oliveira, anunciando que passará a existir em permanência uma Equipa de Logística de Apoio ao Combate (ELAC).
"Ou seja, além da EIP Equipa de Intervenção Permanente [constituída por cinco elementos], que existe todo o ano, temos mais sete elementos em prontidão para dar resposta a algum alerta de incêndio", frisa este responsável.
Luís Oliveira afirma ainda que a sua "maior preocupação" é o eventual "número de ignições que possam vir a haver, tendo em conta a escassez de água que existe no concelho de Odemira e na generalidade de todo o país", assim como "a intensidade que os incêndios possam vir a tomar".
"Tendo em conta as alterações climáticas, os incêndios acabam por ter muitas vezes condições adversas para os combatentes", alerta o comandante, que tem ainda de fazer uma gestão apertada dos recursos humanos disponíveis que são sempre poucos para as necessidades da corporação (e do concelho).
Esta acaba por ser também a maior "dor de cabeça" da comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Milfontes, que em 2022, no âmbito do DECIR, vai contar apenas com uma ELAC.
"Este ano não nos é possível ter uma Equipa de Combate a Incêndios Florestais (ECIN), que são cinco pessoas que saem na primeira intervenção, devido à falta de recursos humanos. Só iremos mesmo ter a equipa de ELAC e temos ainda EIP, que sai numa primeira intervenção para o nosso concelho e concelhos limítrofes", explica Maria João Guerreiro ao "SW".
A comandante da corporação de Vila Nova de Milfontes mostra-se igualmente preocupada com a falta de água, o que pode eventualmente vir a prejudicar o combate às chamas.
"Por onde tenho passado vejo que aquelas charcas que já tinham pouca água, agora estão quase todas secas. Isso é uma grande preocupação que temos", conclui.