Apesar de habituado a jogar com as palavras nas suas décimas, Florêncio Maria ficou quase "sem fala" com a atribuição da medalha de mérito municipal pela Câmara e Assembleia Municipal de Odemira.
"Não estava à espera disto, desta homenagem, mas fiquei contente por acontecer. Mas nunca esperei que acontecesse uma coisa destas. Fiquei muito satisfeito e agradecido", disse ao "SW" o poeta popular, de 83, natural da freguesia de Sabóia e atualmente a residir em Luzianes-Gare.
Segundo a Câmara de Odemira, Florêncio Maria Jacinto "começou a cantar muito cedo e cedo demonstrou ser um poeta com grande espírito de observação e grande memória", sendo atualmente "um dos grandes cantores de despique e baldão na forma mais popular possível, no estilo antigo".
"Comecei logo aos 12 ou 13 anos, mas não era assim coisa muito apurada. E hoje também continua a não ser [risos]. É aquilo que sei", reconheceu.
Toda a poesia de Florêncio Maria é feita em décimas, tratando temas do seu quotidiano, ligado à vivência rural e à vida na charneca. "Inspira-me a vida no campo, onde fui criado, e coisas assim", concluiu.