As jovens Ana Ramos, Bruna Matos e Mariana Gonçalves, naturais do concelho de Odemira, conquistaram a medalha de prata no Concurso Italiano para Jovens Cientistas "I Giovani e le Scienze", realizado anualmente em Milão (Itália) e onde representaram Portugal com uma investigação sobre o potencial de alguns fungos para a biodegradação de polietileno.
Na competição apresentaram-se a concurso 35 projetos de pesquisa em diversas áreas do conhecimento humano realizados por "jovens cientistas", provenientes de países como Itália, Bélgica, Brasil, México, Luxemburgo, Portugal, Espanha, Taiwan, Turquia e Tunísia.
Ana Ramos, Bruna Matos e Mariana Gonçalves acabaram por garantir o segundo lugar no concurso com um trabalho concebido no ano letivo de 2022-2023, quando as três jovens, todas a frequentar o ensino superior atualmente, eram alunas do Agrupamento de Escolas de Odemira e faziam parte do seu Clube de Ciência Viva/BIGEO, coordenado pela professora Paula Canha.
Para a docente, este tipo de prémios numa competição internacional "dão sempre aos alunos mais confiança em si mesmos".
"E nós necessitamos de jovens que acreditem que podem melhorar o mundo, por exemplo através da ciência e das soluções que ela pode trazer. Muitas vezes os nossos alunos duvidam das suas capacidades e competências. Estes concursos, nacionais e internacionais, mostram-lhes que eles são capazes", acrescenta Paula Canha ao "SW".
A professora elogia ainda o empenho de Ana Ramos, Bruna Matos e Mariana Gonçalves, que "passaram muito tempo no laboratório" e "muitas horas a discutir resultados, a arranjar explicação para resultados inesperados ou a inventar soluções para metodologias que não funcionaram".
"Agora recebem o reconhecimento por um trabalho sério e persistente", reforça.
O prémio de Ana Ramos, Bruna Matos e Mariana Gonçalves foi alcançado com uma investigação sobre o potencial de alguns fungos para a biodegradação de polietileno, motivada pelo facto de, no concelho de Odemira, a acumulação de resíduos plásticos ser um problema de extrema importância, tendo em conta o seu uso frequente para cobertura de estufas.
Para tal, as alunas testaram se os fungos Penicillium digitatum e Pisolithus tinctorius teriam capacidade de degradação de polietileno usado em estufas e descartado, tendo chegado à conclusão que o primeiro "tem maior capacidade" que o segundo.
"Mas os resultados mais promissores foram obtidos com o consórcio entre os dois", revela a professora Paula Canha, para quem "as soluções baseadas na natureza são sempre preferíveis, pois os organismos vivos degradam os resíduos de forma limpa e energeticamente mais eficiente do que qualquer linha industrial".
"Este trabalho é um contributo muito pequenino, ainda sem a capacidade de ser transposto para a prática. Contudo, para três jovens de 17 anos, foi um grande contributo", conclui a docente.