07h00 - sexta, 22/11/2024

Filipa Brito Pais: "Nunca
devemos deixar de sonhar"

Filipa Brito Pais: "Nunca devemos deixar de sonhar"

Filipa Brito Pais é sobrinha-bisneta do aviador António Brito Pais, um dos participantes na viagem aérea que há 100 anos ligou Vila Nova de Milfontes a Macau, e acaba de editar um livro infanto-juvenil sobre esta epopeia. "A mensagem principal do livro é que nunca devemos deixar de sonhar e devemos sempre lutar para alcançar os nossos objetivos", revela a autora em entrevista ao "SW".

Como surgiu a ideia de escrever o livro A aventurosa viagem do Pátria, sobre a viagem área que, em 1924, partiu de Vila Nova de Milfontes e só terminou em Macau?
A ideia de escrever um livro infanto-juvenil sobre a história do meu tio já vinha surgindo há algum tempo e agora, com as comemorações do centenário da primeira viagem aérea Portugal-Macau, fez todo o sentido. Como professora comecei a deslocar-me a diversas escolas do país, desde o pré-escolar ao secundário, também dei uma palestra na Escola Portuguesa de Macau, em junho deste ano, quando fui a Hong Kong e Macau para as comemorações do centenário da chegada desta viagem. Nelas verifiquei a curiosidade e a aceitação das crianças e dos jovens sobre esta viagem, que foi um pouco apagada da nossa história. Não existem livros sobre a viagem adequados a estas idades, com uma escrita fluida e com imagens cativantes para que as crianças e os jovens possam ler e conhecer um pouco deste feito. No ano letivo de 2016-2017 fui colocada a dar aulas em Colos, no Agrupamento Brito Paes, e senti o carinho e o orgulho que os colenses tinham pela história da viagem e pelo meu tio. Desde então que surgiu a ideia de concretizar algo que fizesse honrar este legado deixado pelo meu tio e por esta histórica viagem.

Que mensagem pretende passar aos jovens leitores?
A mensagem principal do livro é que nunca devemos deixar de sonhar e devemos sempre lutar para alcançar os nossos objetivos. Este livro revela não só a força portuguesa e o amor à pátria destes três heróis nacionais, esquecidos na história, como também mostra que nunca devemos desistir dos nossos sonhos até alcançar o nosso objetivo. E se há 500 anos descobrimos o caminho marítimo para a Índia, em 1924 descobriu-se o caminho aéreo para a Índia e para Macau. Se hoje a aviação é como é, devemos a heróis como Brito Pais e Sarmento Beires.

O seu tio acaba por ser uma das "personagens" desta história. Como o recorda?
O meu tio faleceu num fatídico acidente de aviação, em 1934, portanto não o cheguei a conhecer. Mas era o tio que gostaria de ter conhecido, não só pela sua coragem e bravura, mas pelo carinho que todas as pessoas que o conheceram me transmitiram. Quando era mais nova, tive conhecimento desta viagem e do feito heróico do tio António pelas histórias contadas pela minha bisavó, pelos meus avós, pelos meus pais e pela tia Céu, irmã do aviador e madrinha da viagem e também a impulsionadora do crowdfunding. A casa de férias da minha juventude em Milfontes era na Rua dos Aviadores e assim as histórias desta viagem iam surgindo. Histórias em que eu sempre acreditei, mas que guardava comigo, não só porque os meus colegas e amigos do colégio não conheciam, mas também porque nunca tinha percebido a dimensão de tal feito histórico. Ao crescer, fui-me apaixonando pelos pormenores desta viagem, que me entusiasmam a saber sempre mais. Penso que ainda há tanto por descobrir, pormenores que têm sido esquecidos! No entanto podemos inverter esta situação, com as comemorações do centenário e com o esforço de todos iremos conseguir que o legado deixado pelos aviadores Brito Paes, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia seja lembrado por todos os portugueses.

No seio da vossa família, como é abordada a história desta viagem realizada há 100 anos?
Vivemos com muito orgulho a história da nossa família e dos nossos antepassados. Vamos passando de geração em geração, não só o espólio bem como as histórias e as vivencias. Com o aproximar do centenário e com as comemorações promovidas pela comissão organizadora constituída pela Câmara Municipal de Odemira, pela Força Aérea, pelo Museu do Ar e pela Universidade do Porto, e eventos de outras entidades, temos tentado estar presentes em todos e acompanhar a minha prima Leonor Brito Paes, neta do aviador. Foi com muito orgulho e com uma grande honra que me desloquei a título pessoal a Hong Kong e a Macau, aquando das comemorações do centenário em junho, representando a família Brito Paes. Aí pude verificar o carinho e o sentimento que é sentido em Macau por tão nobre feito!

Onde estará este livro à venda?
O livro estará à venda nas livrarias habituais a partir do dia 24 de novembro [domingo]. A editora é a Afrontamento e a ilustração fantástica é da Leonor Almeida, que conseguiram através das minhas palavras, entender o que pretendia para a ilustração e para a conceção do livro. Ficou ótimo!


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