As memórias do latifúndio e da ditadura vão estar presentes no espetáculo "O Tempo Cura?", uma criação coletiva intergeracional do Grupo de Teatro Comunitário de São Luís que é apresentada neste fim de semana, dias 5 e 6 de julho, sempre às 19h30, na Herdade do Cerro, nesta freguesia do concelho de Odemira.
Concebido como "uma experiência teatral itinerante", o espetáculo nasce "de um trabalho contínuo, intergeracional e profundamente transformador com a comunidade local", nomeadamente com um grupo de seniores da Casa do Povo de São Luís, explica ao "SW" a coordenadora e diretora artística do projeto, Maria de Vasconcelos.
Segundo esta responsável, foram as "memórias e testemunhos" destas pessoas que "deram corpo e alma" ao espetáculo, onde "vivências e memórias se entrelaçam com outras histórias e testemunhos reais recolhidos ao longo dos últimos meses".
"O Tempo Cura?" tem como ponto de partida uma "pesquisa dramatúrgica" a partir o tema "latifúndio", um "modelo socioeconómico promovido pela ditadura", para perceber "que marcas deixou neste território", "como continuam a reverberar nas vidas de quem o habita" ou se "o tempo curou as feridas abertas".
"Memória, pertença, passagem do tempo, perda e renascimento atravessam este percurso onde o corpo, a terra e a palavra se entrelaçam, num espetáculo sensível, comovente e enraizado neste chão", revela Maria de Vasconcelos.
O projeto "O Tempo Cura?" é promovido pela Fundação O Cerro Cultura e Ensino, tendo um financiamento de 30 mil euros através do programa "PARTIS & Art for Change", das fundações Calouste Gulbenkian e "La Caixa".
A iniciativa tem ainda o "apoio imprescindível" de diversas entidades parceiras, nomeadamente a Câmara de Odemira, Junta de Freguesia de São Luís, Casa do Povo de São Luís, Associação de Moradores de Vale Bejinha e Carrasqueira, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, Project Earth e "SW".