15h50 - quinta, 12/01/2023
O desafio da Saúde no Alentejo
Carlos Pinto
Há muito que o estado da Saúde no Alentejo é muito débil e uma verdadeira "dor de cabeça" para todos nós. Ao longo dos últimos anos fomo-nos habituando às constantes notícias sobre a falta de médicos de família, fecho de valências ou diminuição do número de médicos especialistas a querer trabalhar na região. Isto a par de uma lenta renovação de equipamentos e instalações, com elevado prejuízo para todos nós.
Por tudo isto, e apesar dos esforços das sucessivas administrações das unidades locais de Saúde do Baixo Alentejo e do Litoral Alentejano, o quadro é cada vez mais negro, mais por condições estruturais do que conjunturais. E se estas dificuldades são seguramente sentidas em outros pontos do país, na nossa região são "amplificadas" devido à interioridade e à demografia, tendo em conta o acentuado envelhecimento da população.
Temos noção que a cura para este problema não é, de todo, de fácil alcance. Mas exige-se, mais do que nunca, uma resposta enérgica para, pelo menos, minimizar este quadro na região por parte do Ministério da Saúde e da recém-nomeada direção-executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
É por isso que o recente despacho do Ministério da Saúde, a abrir novas vagas para médicos de família no Alentejo Litoral é um sinal positivo, ainda que muito longe do ideal (mas temos de começar por algum lado). Assim como o são as obras de requalificação de extensões de saúde que a Unidade Local tem vindo a realizar um pouco por toda a região, com inaugurações previstas para breve [ver notícias na página 07].
Mas é preciso ir mais além, muito mais além neste desafio que é dotar o SNS de mais e melhores ferramentas paras as necessidades atuais. A começar pela formação de médicos em Portugal, bastante condicionada pelo corporativismo de uma classe, que impede o surgimento de novos clínicos e, em simultâneo, vai alimentando o setor privado. Daí que seja urgente rever os numerus clausus e abrir mais vagas em Medicina (para não falar em novas faculdades).
Em simultâneo, é urgente aplicar nas unidades de saúde novos métodos de trabalho, mais rigorosos, para que, por exemplo, uma consulta marcada para as 9h00 não seja realizada apenas às 10h40 porque "o senhor doutor atrasou-se".
Em suma, há muito por fazer na Saúde. Na região (e no país)! Mas é preciso começar a fazer já. Caso contrário, como poderemos tratar da melhor forma os nossos idosos e segurar (e cativar) os jovens?
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