14h57 - quinta, 20/04/2023
E se perdermos fundos da UE?
Carlos Pinto
Imagine-se o Alentejo Litoral há cerca de 40 anos, quando Portugal ainda não fazia parte da União Europeia: estradas sem dignidade, casas sem saneamento básico, localidades sem equipamentos (hoje) básicos como escolas, centros de saúde, centros culturais, bibliotecas ou equipamentos desportivos. Um cenário hoje inimaginável, mas tão presente ainda na memória de muitos
Não fossem os fundos provenientes de Bruxelas em prol da coesão entre Estados-membro e, quase seguramente, que a nossa região (e outras) estaria nas mesmas condições ou pior que em 1983. Porque dificilmente as prioridades dos sucessivos governos seriam direcionadas para o interior e, simultaneamente, porque era impossível aos municípios dar resposta a todas as necessidades.
Felizmente, temos tido os fundos comunitários. Mas podemos vir a deixar de os ter, devido à criação da NUTS II do Oeste e Vale do Tejo, que retira ao Alentejo os 11 concelhos da Lezíria do Tejo (e os seus cerca de 240 mil habitantes). Tal provocaria a subida do PIB regional, devido ao desenvolvimento de Sines, e, consequentemente, o estatuto de "região de convergência".
O Governo, através da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, já veio dizer que é preciso esperar por 2026 para se saber se o Alentejo será, realmente, "prejudicado no acesso a fundos comunitários". E garantiu que, se tal suceder, haverá "uma solução" para evitar este desfecho.
Apesar desta mensagem de tranquilidade, é bom que todos estejamos atentos ao que está para vir. E que nos unamos em prol de uma causa que é, mais que muitas outras, fundamental para o nosso futuro.
2. António Camilo foi reeleito para um terceiro mandato à frente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Odemira. Uma tarefa que assume com "espírito de missão", mas também pela obrigação de não deixar cair a instituição num vazio diretivo perante a falta de listas alternativas.
"É muito triste a atitude de cidadania de muitas pessoas que, reconhecendo a importância dos Bombeiros para a sociedade odemirense e em geral, e que ano após ano, eleição após eleição, não se disponibilizam para ajudar uma causa que a todos interessa e a todos é útil", critica Camilo
e com razão!
O associativismo padece, cada vez mais, da falta de voluntários para que se possa manter vivo. Os motivos são mais que muitos, uns mais compreensíveis e aceitáveis que outros. Mas o problema existe e é grave. Por isso, e numa altura em que estamos quase a chegar aos 50 anos do 25 de Abril, talvez fosse oportuno debater se faz sentido manter certas entidades vitais para a(s) comunidade(s) dependentes da boa vontade daqueles que (ainda) "ousam" trabalhar para o bem comum.
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