17h09 - quinta, 01/06/2023
O lado bom (e o mau) do Desporto
Carlos Pinto
O Desporto é, seguramente, uma das melhores "ferramentas" para a inclusão. Porque é universal, sem raça, credo ou cor. Porque é transversal e coloca todos em plano de igualdade, além de poder servir de "elevador social". Porque incentiva à superação física e mental. E porque promove, em simultâneo, a cooperação e o trabalho em equipa.
Um bom exemplo do melhor que o Desporto tem é a equipa de futsal adaptado da Associação de Paralisia Cerebral de Odemira (APCO), dinamizada em parceria com o Sport Clube Odemirense no âmbito de um projeto da Associação de Futebol de Beja.
Tal como lhe damos a conhecer na reportagem publicada nesta edição do "SW" [ver página 11], nesta equipa o que menos importa é ganhar ou saber quem marca mais golos. Neste projeto são outros os valores em evidência: amizade, camaradagem, felicidade e integração. No final de cada jogo é apenas isso que vale.
Este projeto da APCO com o Odemirense, assim como o que a associação desenvolve com a Cautchú na área do andebol ou outros similares noutras instituições, são "o lado bom" do Desporto e o que importa valorizar. Seja na área da deficiência, como é o caso, seja em questões como a integração de comunidades migrantes, que é premente em concelhos como o de Odemira e onde a prática desportiva pode ser fundamental.
Seguramente que a integração de crianças e jovens migrantes ou descendentes de migrantes em equipas de futebol, andebol, voleibol ou natação, entre outras, será "meio caminho andado" para uma maior inclusão destes (e respetivos pais). E será também muito importante para que quem já cá está deixe de olhar com tanta desconfiança para o "outro" que veio para Portugal simplesmente em busca de uma vida melhor e mais digna.
2. Mas o desporto também tem o seu "lado mau". Exemplo disso foi o sucedido com o jogador brasileiro Vinícius Jr., do Real Madrid, alvo de deploráveis gestos de racismo protagonizados a partir das bancadas num jogo realizado em Valência (depois do mesmo já ter sucedido noutros estádios do país vizinho). O Desporto deve (e tem de) ser uma festa. Por isso, que se punam severamente os autores deste tipo de prevaricações e que, tal como vemos na NBA, ir a um estádio ou um pavilhão seja um ato de prazer para partilhar em família e não uma atividade "de risco".
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