16h15 - quinta, 06/03/2025

Em defesa da grei lusitana


António Martins Quaresma
Amigos meus têm-se mostrado verdadeiramente preocupados com o rumo dos acontecimentos na cena internacional. No café, na rua, no fb, enfim, em todos os areópagos, sente-se um clamor profundo e angustiado. Um desses meus amigos, reformado da função pública, defende, mesmo, que Portugal deveria reservar 20%, ou mais, do orçamento do estado para a defesa da grei, garantindo-me que, de bom grado, disponibilizaria a sua magra pensão de reforma para armas e munições – procurando depois a subsistência como caçador-recolector, do jeito que o fizeram os antepassados do paleolítico.
O caso não é para menos! O monstro mostra-se insaciável. Há um real risco de vermos os nossos campos talados, as nossas cidades entradas e as nossas igrejas profanadas, para não dizer pior, por hordas hediondas vindas de leste. E, como, em tempos, disse o inspirado e mártir presidente dos States, John Fitzgerald Kennedy, "não devemos perguntar o que pode a pátria fazer por nós, mas o que nós podemos fazer pela Pátria" (citado de memória).
Graças aos meus contactos no interior dos serviços secretos, penso saber que felizmente a Pátria está preparada. Em homens e armamento. Em espírito de luta e patriotismo, também. Creio não constituir quebra de segredo militar revelar aqui alguns dos recursos que já estão disponíveis para a acção.
Desde logo, o admiral melro, enquanto entusiástico ponta de lança da aliança do Norte e representante dos heróis do mar, nobre povo, nação valente e imortal, vai saltar para o seu submarino (a yellow submarine) e emboscar o inimigo na raia de Elvas. É mais perto do que o longínquo lugar onde ele inicialmente desejava ir falecer, mas oferece claras vantagens tácticas, desde logo porque, próximo, fazendo fronteira, existe o cristalino rio Caia, onde o submarino pode navegar à vontade e os submarinistas se vão sentir como peixe na água. Além disso, o sítio encontra-se inundado, não de água, mas de simbolismo e de reminiscências de esmagadoras vitórias sobre os castelhanos, os agressores de antanho.
Ele tem a missão de informar-se sobre a progressão dos inimigos, logo que estes, depois de terem esmagado e tiranizado todos os heroicos povos da Europa, transponham os Pirenéus, buscando subjugar os resistentes ibéricos. Quando estiverem ao alcance dos seus poderosos binóculos da marinha, deve soltar o brado de alerta, em código, "The russian are coming!", código que, como se sabe, foi roubado pelo realizador de um filme de 1966, mas mantém a sua capacidade mobilizadora. Simultaneamente, convocará e colocará às suas ordens todos os cidadãos de maioridade, entre os que têm ostentado profusamente bandeirinhas e que têm feito a sua formação cívica e política ouvindo alguns dos mais distintos mestres e mestras em geopolítica da tv portuguesa. Certos estrategas militares julgam ainda de muita utilidade e ilustrativa do novo paradigma, uma coligação com o corpo de legionários espanhóis (a não repetir!), que, com suas fardas verde-desbotado, peito bronzeado à mostra e passo miudinho e saracoteado, confeririam à acção um certo ar aflamengado, conquanto, é preciso reconhecer, algo efeminado.
Na rectaguarda, mas sempre pronto a flagelar o invasor, os valorosos combatentes lusos dispõem do Canhão da Nazaré, arma secreta, de enorme poder demolidor, inventada e desenvolvida pela nossa marinha. Como é sabido, o Canhão da Nazaré é único no mundo, colocando Portugal na vanguarda da moderna artilharia e do surf. E, já agora, por via toponímica, na história de um importantíssimo episódio bíblico. A grande capacidade de alcançar vertiginosas velocidades, mesmo sem hydrofoils, induzidas pelas vagas disparadas por este formidável canhão, fá-lo indetectável e inatingível por quaisquer armas defensivas conhecidas, quer do nosso virtuoso lado ocidental quer do lado dos bárbaros. O Canhão da Nazaré é a bomba nuclear lusa, que, naturalmente, só será utilizado em caso de perigo para a existência do estado, como é o caso.
Neste quadro preocupante, o que podemos esperar do litoral alentejano? Desafortunadamente, apesar de muita verbalização e excitação, ainda não existe um forte movimento cívico-bélico. É verdade que, nós os habitantes deste litoral, não fomos dotados pela natureza de peças de grosso calibre, que nos permitam grande poder de fogo, mas há sinais de antigos confrontos com os mouros, como o forte do Pessegueiro, revelando uma vetusta predisposição para resistir a invasões. Terão os alentejanos litorâneos esquecido as lições dos mencionados especialistas da geopolítica? Estarão a desprezar os contínuos ensinamentos dos sagacíssimos líderes europeus, em que pontificam algumas damas de belos penteados, que bem mostraram como a paz é perigosa para a guerra?
Se o formoso Litoral Alentejano, como suspeito, estiver corroído pela ausência de energia patriótica e pela dissolvente maldição de ideias pacifistas, daqui lanço o meu veemente e emocionado apelo: às armas, cidadãos, formai os vossos batalhões!



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