16h26 - quinta, 15/05/2025
Afinal, onde anda o Estado?
Carlos Pinto
Em entrevista a esta edição do "SW", o presidente da Câmara de Odemira, Hélder Guerreiro, coloca o "dedo na ferida" e não poupa nas críticas à falta de respostas por parte do Estado naquele que é o maior concelho do país em área territorial e um dos que mais cresceu do ponto de vista demográfico na última década, de acordo com a mais recente edição dos Censos.
Diz o autarca que em Odemira se verifica um "paradoxo", pois ao mesmo tempo que vê a economia local, através da agricultura e do turismo, produzir riqueza natural, da parte do Estado não se vislumbra qualquer tipo de reforço dos serviços de interesse geral
bem pelo contrário!
O exemplo mais recente desta triste realidade é o encerramento, para já temporário, da Conservatória do Registo Predial Comercial e Automóvel de Odemira por falta de condições das suas instalações, no tribunal da vila, o que obriga os cidadãos a terem de se deslocar a Santiago do Cacém.
Mas problemas desta natureza ou de falta de recursos humanos também se verificam na Segurança Social, na Autoridade Tributária, na Educação, na GNR
A lista é interminável, sempre com o Estado a fazer "má figura".
Tudo isto e já não é pouco deve motivar uma simples questão: afinal de contas, onde anda o Estado? Ou melhor, para que serve o Estado, se as suas respostas à comunidade são cada vez mais limitadas às ferramentas digitais, discriminando negativamente enormes faixas da população, sobretudo no interior envelhecido e mais desfavorecido do interior.
A situação é ainda mais inexplicável quando comparada com a ação das autarquias, de norte a sul do país, geridas da esquerda à direita, que diariamente se esforçam para ter serviços cada vez mais próximos das populações, que se empenham na intervenção em espaço público e que, inclusive, fazem uma tremenda ginástica orçamental para garantirem todas as infraestruturas básicas necessárias nos seus municípios.
Mas depois
é o próprio Estado que falha, encerrando serviços ou cortando nos recursos humanos. Será que em Lisboa ninguém percebe que isto tem de mudar?
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