07h00 - sexta, 15/01/2021

"Saúde Mental era um tema
'escondido'", diz Telma Guerreiro

"Saúde Mental era um tema 'escondido'", diz Telma Guerreiro

A deputada Telma Guerreiro, natural de São Teotónio e eleito pelo PS no círculo de Beja, acaba de ser designada coordenadora do Grupo de Trabalho para a Saúde Mental, criado no âmbito da Comissão Parlamentar de Saúde, cujos objectivos revela em entrevista ao "SW".
"O grande objectivo é acompanhar a implementação do Plano Nacional para a Saúde Mental, garantindo que o Governo disponibiliza todos os meios necessários para a sua boa execução", revela a eleita socialista.

Foi designada coordenadora do Grupo de Trabalho para a Saúde Mental criado no âmbito da Comissão Parlamentar de Saúde. Que representa esta designação?
Esta designação tem, para mim, três razões que respeito e para as quais darei o meu melhor. A razão que representa um voto de confiança do grupo parlamentar do PS, a quem foi atribuída a responsabilidade de coordenar este grupo de trabalho e que entendeu designar-me a mim como sua representante. A razão da psicologia, que gostaria de sublinhar, pois enquanto psicóloga é um orgulho poder afirmar que o grupo de trabalho da Saúde Mental na Assembleia da República tem como coordenadora uma deputada que é formada em psicologia. É um contributo que espero dar para todos os profissionais, estando à altura e dignificando assim a classe profissional. A terceira razão é pelo sentido de missão que veio comigo para o cargo de deputada e com ele um dos objectivos que trazia era dar voz ao tema da Saúde Mental. Conseguir fazer esse caminho coordenando o grupo de trabalho é, sem dúvida, uma honra e uma conquista.

Por que razão foi criado este grupo de trabalho e qual o seu grande objectivo?
O grupo de trabalho foi criado no âmbito do plano de actividades da Comissão [Parlamentar] de Saúde, no entendimento comum de todos os grupos parlamentares de que o tema merece uma atenção especial na Assembleia da República, porque ao longo dos anos e dos diferentes governosfoi apelidado de "parente pobre da saúde", pelos seus actores. Por isso, o grande objectivo é acompanhar a implementação do Plano Nacional para a Saúde Mental, garantindo que o Governo disponibiliza todos os meios necessários para a sua boa execução. Para tal iremos ouvir várias entidades e organismos, no sentido de fiscalizar esta garantia, assim como as vozes dos intervenientes desta área – profissionais, famílias e doentes – e fazer propostas de iniciativas que sejam "pontes" para melhorar a resposta do país à saúde mental e bem-estar psicológico.

Em que medida é esta questão da Saúde Mental uma prioridade, sobretudo nos tempos que correm?
A proposta da criação do grupo é anterior à pandemia, mas é claro para todos que se tornou ainda mais emergente com os tempos que vivemos. Podemos dizer que o tema da Saúde Mental era um tema "escondido" na sociedade, um tema cheio de estigmas e muitos estereótipos a ele relacionados. Infelizmente para muitos, as questões da Saúde Mental estão ainda relacionadas, apenas e só, com a doença mental e quem é doente mental é "louco" e por isso aceder aos serviços de Psicologia ou Psiquiatria é mesmo "só para loucos". Esta é a visão que queremos que desapareça, é a visão da sociedade sobre a Saúde Mental que queremos mudar para melhor.
A pandemia veio trazer o tema para a "ordem do dia", a comunicação social interessou-se pelo tema e todos querem abordar o tema, porque passou a interessar os portugueses. Com o grande confinamento os sentimentos de incerteza, a diminuição das relações sociais, e a entrada da escola e do trabalho dentro das nossas casas deu espaço à ansiedade para crescer em muitos contextos familiares e individuais. Ou seja, o tema da Saúde Mental entrou na casa dos portugueses.Portanto, o tema é muito importante nos tempos que correm, porque é uma oportunidade para promover a literacia em Saúde Mental, é uma óptima oportunidade para agir sobre o estigma de que falei e assim tornar toda a comunidade mais capaz para gerir as suas emoções e promover o seu auto-conhecimento. Assim cada um pode ser para si próprio – e como consequência para os outros em seu redor – uma "caixinha" de factoresprotectores, sabendo identificá-los e convocá-los para o seu quotidiano. Acredito muito que uma sociedade que conhece os seus factoresprotectores e está hábil para os usar é uma sociedade mais saudável, coesa e mais feliz.

Sente que a pandemia da Covid-19 agudizou problemas sentidos nesta área?
Obviamente que sim. A pandemia não deixou nenhuma área das nossa vidas indiferente ou incólume.Para as pessoas com doença mental diagnosticada, tal como em muitas outras doenças, a pandemia veio elevar os desafios na gestão da doença, no doente, nas suas famílias e nas respostas de saúde e de apoio à inclusão na comunidade.Por outro lado, tal como foi mencionado por especialistas da área das desigualdades, que referiram que as desigualdades já lá estavam, a pandemia veio desocultá-la. Na área da Saúde Mental isso também aconteceu eem pessoas que já tinham propensão para a doença mental o facto de estarem expostas a este contexto acelerou o despoletar da doença.E ainda assinalo que, à semelhança do que aconteceu por todo o mundo, a maioria dos portugueses viveram uma experiência de sofrimento psicológico. Este sofrimento tem diversas origens: as incertezas em torno do vírus, o medo de ser infectado, o medo de infectar alguém, as alterações sócio-económicas, o isolamento...

O Alentejo é uma região com elevadas taxas de suicídio. Haverá um "olhar" especial por parte deste grupo de trabalho para o território?
Este é um grupo de trabalho com uma visão geral e nacional sobre o tema, mas como em qualquer área de discussão na Assembleia da República procuraremos sempre que o equilíbrio das respostas seja uma evidência para a promoção da coesão social e territorial.
Com o meu "olhar" e especial preocupação contará sempre, porque é a minha região e porque tenho o conhecimento da problemática, mas também conheço os esforços locais e a atenção local dada ao tema. Tenho orgulho no Serviço Local de Saúde Mental do Baixo Alentejo, conheço as melhorias do espaço físico, a qualidade da equipa técnica e tenho expectativa de que em tempos "normais", com uma boa implementação do Plano Nacional para a Saúde Mental, possamos reduzir as taxas de suicídio e melhorar a saúde psicológica dos alentejanos.


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