09h47 - quinta, 04/04/2024

Sines, a expansão da cidade depois do porto (4)


Silvano Silva
O artigo aborda as mudanças no território de Sines devido à implementação do complexo industrial e do porto de águas profundas. As características naturais da Costa de Sines, aliadas à sua posição estratégica, proporcionaram as condições ideais para o desenvolvimento de um porto de águas profundas. Este porto trouxe à cidade de Sines um maior conforto económico. No entanto, a própria cidade acaba por ser prejudicada pelas condições naturais que possibilitaram a construção do porto; os diversos trabalhos realizados no território acabaram por estrangular o aglomerado urbano em detrimento de vários equipamentos portuários e industriais. O objetivo do trabalho é traçar uma linha transversal da cidade de Sines ao longo da construção do porto.

Hipóteses para o novo
aglomerado urbano
A organização das diferentes áreas consideradas durante a elaboração do plano geral foi realizada por meio de um processo de eliminação, levando em consideração os objetivos e restrições mencionados anteriormente. A necessidade de assegurar a dimensão das áreas, juntamente com o facto de o Porto admitir apenas uma localização alternativa, entre a baía de Sines e São Torpes, e a obrigação de garantir a continuidade entre as áreas portuárias e industriais levaram o GAS a propor duas hipóteses:

– O crescimento urbano com base nos núcleos existentes, ou seja, a expansão de Sines ou de, Santiago do Cacém ou, então, das duas vilas em conjunto;
– O crescimento urbano, considerando a criação de uma cidade nova.

Em qualquer das hipóteses, segundo o Gabinete da Área de Sines, devia-se levar em conta que as escalas das novas áreas urbanas tornariam, do ponto de vista quantitativo, pouco relevante a preexistência de dois núcleos com as dimensões de Sines ou de Santiago do Cacém. Por outro lado, as áreas urbanas teriam de ser vistas e reestruturadas no seu conjunto, pensadas numa dimensão mínima tanto em infraestruturas como em aspetos econômicos e sociais. (GAS, 1973. P.211).

Expansão de Sines
Segundo o relatório do Gabinete da Área de Sines, as vantagens à primeira vista da hipótese de Sines residiam na existência de um aglomerado urbano, um conjunto de infraestruturas e equipamentos, além da presença de uma estrutura social que poderia ser importante no início do empreendimento. Contudo, o relatório observa que após uma análise mais detalhada, essa realidade mostrou-se inexistente, pois Sines era uma vila subequipada em vários setores: habitação, serviços, comércio e infraestruturas. O objetivo de crescimento a partir de um aglomerado existente foi examinado à luz dos pontos e objetivos já mencionados, sendo que:

i) para garantir a maior flexibilidade do esquema de organização e tendo em conta as áreas necessárias para o desenvolvimento dos vários setores, a expansão de Sines pelo menos até 60000 habitantes tem como consequência que as áreas portuárias e industriais só podem localizar-se entre S. Torpes e Porto covo (GAS, 1973. P.212).
ii) a minimização dos custos, segundo objetivo que foi definido, só é possível desde que a alternativa da localização do Porto em S. Torpes se
revele com um custo inferior (o que só posteriormente foi definido com rigor) (GAS, 1973. P.212).
iii) não considerando os aspetos anteriores e que podem afetar a viabilidade de um crescimento autossustentável no mais curto espaço de tempo, e analisando somente os problemas de estabilidade, temos que existe uma vantagem substancial na hipótese para se atingir esse objetivo, embora a transformação da estrutura social existente, processando se num período bastante curto, vá ampliar os conflitos sociais que lhes estão
inerentes. (GAS, 1973. P.212).
iv) a melhor utilização das potencialidades do sítio de Sines, objetivo número 4, é possível quando consideradas separadamente as áreas urbanas
e as áreas portuárias. A lógica de desenvolvimento de cada um dos setores, contraditória, impõe no entanto a necessidade de se optar por uma delas. (GAS, 1973. P.212).
v) Os problemas de Acessibilidade nesta hipótese, embora não sejam muito significativos, uma vez que dependem de um sistema de comunicação inteiramente a criar, apresentam desvantagens para uma primeira fase, dado que não permitem utilizar as infraestruturas ferroviárias e rodoviárias existentes." (GAS, 1973. P.212).

Nesta fase, ao analisarmos os dados de base para uma organização espacial, notamos imediatamente que no objetivo número 4, o Gabinete da Área de Sines refere que a localização das áreas urbanas deve reunir as melhores condições para uma expansão ilimitada do aglomerado urbano ou das áreas portuárias, expondo uma lógica contraditória que levaria a optar por uma delas. Se seria zona portuária, não deveria ser zona urbana; assim como, a ser urbano, não poderia ser portuário. É evidente o conflito logo na sua raiz entre o planeamento urbano que se perspetivava, com capacidade para 100.000 habitantes e ainda com a possibilidade de aumento, e a localização do Porto, de expansão ilimitada, conforme projetado pelo gabinete da área de Sines. Fica explícito no relatório que as posições dos dois ocupam polos opostos e contraditórios, impondo-se a necessidade de optar por um deles. O Porto de águas profundas a ser localizado na baía de Sines iria irreversivelmente condicionar a expansão da cidade, não permitindo, geograficamente, a instalação de equipamentos habitacionais suficientes. (GAS, 1973. P.212).

Expansão de Santiago de Cacém
Esta hipótese seria rapidamente eliminada devido aos fatores geomorfológicos que tornariam impossível a obtenção das áreas
necessárias para desenvolvimento urbano. (GAS, 1973. P.213).

Expansão de Sines e Santiago do Cacém
O GAS expõe esta hipótese como um risco inevitável de concorrência entre os dois núcleos. A solução seria minimizada se se optasse pelo crescimento orientado para uma zona intermédia entre os dois aglomerados, o que apontaria, no fundo, para um novo centro. (GAS, 1973. P.213).

Criação do novo
núcleo urbano
O Gabinete de Área de Sines aponta várias vantagens, incluindo flexibilidade em vários níveis e setores de planeamento. A diversidade de escolha para a implantação e estruturação permite a maximização dos aspetos positivos, bem como a minimização dos encargos. Foi identificado que uma das vantagens da construção de um novo núcleo urbano seria a diminuição das tensões e conflitos sociais, que ocorreriam paralelamente ao desenvolvimento industrial e urbano. A hipótese do novo centro apresenta apenas uma desvantagem: a inexistência de um ponto de partida do núcleo gerador para basear o crescimento na fase inicial. No entanto, a escolha acabou por recair na construção de uma nova cidade, Vila Nova de Santo André. (GAS, 1973. P.214).



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Data: 17/05/2024
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