11h43 - quinta, 04/05/2017
As pessoas, a satisfação profissional e o desempenho das organizações
Cláudia Silva
Actualmente o trabalho deixou de ser apenas uma forma de sobrevivência, sendo considerado também um meio de realização pessoal e de integração social, contribuindo para a satisfação individual. O que era a ideia de que as pessoas eram apenas recursos, deu lugar a uma nova visão, pois na verdade as pessoas são o pilar e a principal fonte de crescimento e desenvolvimento organizacional. A valorização do capital humano é hoje uma exigência crescente para a obtenção de resultados nas organizações, sendo exigido que antes de mais se alcancem os resultados humanos, entre os quais se inclui o aumento da produtividade, baixa rotatividade e absentismo e a satisfação profissional. Esta última, em particular, constitui uma das variáveis de comportamento organizacional mais estudada, que reflete os sentimentos do profissional em relação ao trabalho, pela influência que pode ter no desempenho da organização.
Enquanto que a satisfação profissional pode contribuir para elevados índices de eficácia no trabalho, de produtividade, e para a redução do absentismo, do abandono do trabalho, e da rotatividade, a existência de insatisfação profissional acarreta uma série de comportamentos indesejáveis e geradores de impactos negativos nas organizações.
Um trabalhador desmotivado e insatisfeito apresenta comportamentos indesejáveis, principalmente em relação ao seu desempenho, atrasando os processos e comprometendo o alcance dos resultados individuais, dos seus pares e da organização. Os objetivos da organização deixam de ser uma prioridade, sendo que tenderá a acomodar-se, que os seus objetivos sejam nivelados pelos padrões mínimos, ocorrendo, necessariamente, um prejuízo real para o desempenho organizacional, principalmente quando este tem contado direto com os clientes.
Deste modo, a satisfação profissional dos trabalhadores deverá ser alvo de atenção por parte das administrações, identificando quais os determinantes com impacto positivo nesta dimensão, tendo em conta as especificidades de cada contexto.
A satisfação profissional resulta de um somatório de diversos elementos, entre os quais o salário auferido. Contudo, embora possa ter uma influência importante na satisfação profissional dos trabalhadores, este não é o único fator, e, por vezes, nem o que é mais contribui para a satisfação dos mesmos. As relações interpessoais, entre colegas, com os coordenadores diretos e órgãos de gestão, o sentimento de justiça, a comunicação, o acesso ao desenvolvimento profissional, o reconhecimento e a valorização são apenas algumas áreas a considerar, com reconhecido impacto no ambiente e na qualidade de vida no trabalho que podem ser facilmente exploradas através de políticas organizacionais internas.
O papel do(s) líder(es) é fundamental para a promoção da satisfação profissional dos trabalhadores, contribuindo para a motivação, para o empenhamento, para o sentimento de valorização, devendo ser capaz de identificar quais as áreas a intervir.
Referi-me às organizações no sentido genérico, pois sendo as pessoas o pilar das organizações, o referido é verdade para qualquer atividade, seja industrial, comercial, ou prestadora de serviços. Ou seja, a satisfação profissional tem as mesmas implicações no desempenho da organização devendo ser contemplada nas políticas organizacionais, quer, por exemplo, numa empresa industrial (setor secundário), quer numa organização prestadora de serviços (setor terciário), pelo o que têm em comum: as pessoas! Especificando, as atividades em que os resultados obtidos se traduzam em ganhos em saúde da população, no sentido lato do conceito (bem-estar físico, mental e social), julgo que o estudo da satisfação profissional assume especial importância pelas implicações que pode ter na mesma.
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