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16h49 - quinta, 07/03/2024
Sines, a expansão da cidade depois do porto (2)
Silvano Silva
O artigo aborda as mudanças no território de Sines devido à implementação do complexo industrial e do porto de águas
profundas. As características naturais da Costa de Sines, aliadas à sua posição estratégica, proporcionaram as condições
ideais para o desenvolvimento de um porto de águas profundas. Este porto trouxe à cidade de Sines um maior conforto económico. No entanto, a própria cidade acaba por ser prejudicada pelas condições naturais que possibilitaram a construção do porto; os diversos trabalhos realizados no território acabaram por estrangular o aglomerado urbano em detrimento de vários equipamentos portuários e industriais. O objetivo do trabalho é traçar uma linha transversal da cidade de Sines ao longo da construção do porto.
Especificação do Porto de Sines
O Gabinete decidiu partir de uma série de premissas metodológicas para a organização do porto. Com base nessas especificações, foram elaborados diversos estudos de alternativas para a implantação do complexo. Após uma revisão,
propôs-se um novo desenho para o molhe oeste e arranjos diversos para outras obras e zonas do porto. Simultaneamente, a pedido do Gabinete, foram estudadas soluções mínimas para o complexo, e alguns dos requisitos primordiais foram
abandonados, como os círculos interiores de manobra e as limitações definidas pelo porto para os navios de grande porte.
Conforme apresentado nas figuras, a preocupação nesta fase do projeto era exclusivamente o porto e o complexo industrial. Muitos dos esquemas apresentados propunham o "desaparecimento" da praia Vasco da Gama mediante a construção
contínua de diversas plataformas marítimas. Outra preocupação evidenciada nos vários desenhos do molhe oeste (quebra-mar Norte) era "permitir" posteriormente o avanço do molhe para o Oeste ou Sul, dependendo do esquema selecionado para a implementação do quebra-mar. ssa preocupação derivava de uma lógica de expansão do complexo industrial. Por um lado, o aumento do molhe possibilitaria mais cais de atracação para os petroleiros; por outro lado,
ofereceria uma melhor cobertura à área das diversas plataformas marítimas. Podemos assumir que o Plano Geral, apresentado na Figura 13, da implantação do molhe e organização portuária tem como base o esquema I apresentado na
Figura 7 (G.A.S., 1973, p.300).
Primeira fase de construção
Na primeira fase, com o objetivo de aproveitar imediatamente as instalações para o transbordo de ramal, deu-se início à construção do porto de construção, do molhe oeste com aproximadamente 2 quilómetros de extensão, e de um cais ao norte protegido pelo molhe. O plano em 1972, segundo o GAS, seria:
A admissão de navios de grande porte, o que não estava previsto nos primeiros estudos.
O destino do molhe oeste exclusivamente para a movimentação de produtos petrolíferos.
A inclusão de um porto de pesca, que não estava contemplada anteriormente (G.A.S., 1973, p.250).
A não consideração da construção do Porto de Pesca gerou descontentamento na população, na medida em que o foco principal era a indústria e suas construções adjacentes. Após algumas manifestações, o gabinete começou a considerar a possibilidade de requalificar o porto de construção para abrigar um porto de pesca. No entanto, a construção da termoelétrica de Sines reavivou o descontentamento.
" no ano de 1980 a pesca ocupava 22% da população residente. É com a construção da Central Termoelétrica que renascem as esperanças na possibilidade da construção do Porto de Pesca. A contestação das autarquias e da
população à construção da central, levou a EDP, em 1982, a disponibilizar verbas na ordem dos 400 mil contos, para a construção da primeira fase do porto de pesca" (Carvalho, 2005. P.54).
O problema nesta fase de construção, considerando o porto de pesca original da cidade, era facilmente compreensível.
Durante as obras do porto em 1983, a calheta foi parcialmente soterrada, o que privou os pescadores do acesso às suas
instalações. Para contornar esse problema, o GAS construiu um molhe de abrigo, um cais de acostagem, instalações para a
lota e um pequeno varadouro localizado perto da calheta de Sines (Carvalho, 2005, p.54).
Fig. 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12.
Primeiros esquemas, especificação do Porto de Sines
Gabinete da Área de Sines (1973). Plano Geral da Área de Sines. Lisboa: Imprensa Nacional da Casa da Moeda