16h35 - quinta, 06/05/2021

Um problema muito sério


Carlos Pinto
Recuando no tempo cerca de uma década, quando o projeto do Alqueva estava a consolidar-se, começaram a surgir nos terrenos beneficiados pela água do "grande lago" alentejano extensas plantações de olival. Na altura, a produção de azeite em Portugal ainda era deficitária face às necessidades do país e esta era uma cultura considerada prioritária por todos, apelidada mesmo de "ouro alentejano".
Foi assim que em hectares outrora de cereais começaram a ser plantadas oliveiras em regime intensivo e super-intensivo, fruto de avultados investimentos realizados, sobretudo, por empresários espanhóis. Mas para que a azeitona fosse colhida era preciso muita mão-de-obra… muita mesmo!
Aos poucos, e à falta de trabalhadores portugueses, começaram a surgir em Serpa, em Baleizão, em Cabeça Gorda ou em Ferreira do Alentejo vastas comunidades de migrantes, que chegavam a Portugal na época das colheitas, a partir de Setembro/Outubro. Provinham, acima de tudo, dos países de leste, nomeadamente da Roménia e da Bulgária, e de início eram apenas umas dezenas durante alguns meses. Mas rapidamente passaram a vir às centenas, famílias inteiras com filhos incluídos, ficando nas aldeias e vilas da região durante todo o ano. Os problemas sociais foram inevitáveis…
Casas de três quartos a abarrotar de "inquilinos" e barracões agrícolas transformados em verdadeiras "casernas", crianças a vaguear pelas ruas sem ir à escola ou migrantes sem qualquer documentação e poucos recursos económicos passaram a ser cenários habituais e motivo de muitas notícias.
Aos poucos, as autoridades policiais (e não só) entraram em "cena", identificando muitas destas situações e, em alguns casos, desmantelando verdadeiras redes "mafiosas", que eram as principais responsáveis pela chegada desses trabalhadores a Portugal e faziam de intermediárias junto das explorações agrícolas.
Avançando no tempo, e chegando ao momento atual que se vive no concelho de Odemira, parece que este "filme" se está a repetir, só mudando a proveniência dos trabalhadores.
Neste caso, e dada a experiência do país em momentos anteriores, a responsabilidade só pode ser assacada a duas partes. Desde logo, ao Estado – e ao Governo –, que foi fechando os olhos a esta situação, sem acautelar aquilo que era necessário. E as empresas também não saem nada bem na fotografia, pois muitas delas sabem bem como chegam estas pessoas a Portugal e em que condições vivem fora das suas estufas, sem que isso constitua uma preocupação sua.
Agora a "bomba" rebentou, restando a todos correr atrás do prejuízo… Esperemos que ainda seja a tempo de se encontrar uma solução com "conta, peso e medida".



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