11h09 - quinta, 23/11/2023
Justiça precipitada?
Carlos Pinto
Amanhã de 7 de novembro dificilmente sairá da nossa memória coletiva nos tempos mais próximas
Às buscas realizadas em São Bento e às detenções de pessoas ligadas a António Costa, assim como de gestores e até do autarca em Sines, juntou-se, mais tarde, um comunicado da Procuradoria Geral da República que levaria ao pedido de demissão do primeiro-ministro.
Num ápice, o país caiu numa profunda crise política e até de Estado. Mas a "montanha parece ter parido
uma formiga", depois do juiz do Tribunal de Instrução Criminal ter decretado que nenhum dos suspeitos iria ficar em prisão preventiva e não validando, como pretendia o Ministério Público, os crimes de prevaricação e de corrupção ativa e passiva que estavam imputados a alguns arguidos e eram, no fundo, a razão de ser de toda a operação.
Posto isto, e à medida que vão sendo conhecidos publicamente os contornos de todo o sucedido, fica a ideia que o Ministério Público terá sido precipitado na sua ação, avançado com diligências sem prova irrefutáveis que confirmassem os crimes de que suspeita.
A seu tempo se confirmará se a operação "Influencer" tem, de facto, bases sólidas para avançar ou se, por contrário, ficará para a história como um grotesco desastre. Certo é que, no imediato, tudo isto colocou em causa a estabilidade política do país numa altura de votação do Orçamento de Estado para 2024, em que são muitas as dificuldades anunciadas.
Mas o pior pode mesmo estar para vir, pela forma como partidos extremistas (respaldados por alguns comentadores e órgãos de comunicação social) poderão vir a ser beneficiados nas eleições de 10 de março
2. Pelo menos uma centena de imigrantes estava a ser vítima de exploração em propriedades agrícolas de Cuba e Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, revelou a Polícia Judiciária (PJ), na sequência de uma operação que esta semana levou à detenção de 28 pessoas. Meses antes, tinha sido desmantelada uma rede semelhante que explorava pessoas na apanha de ameijoa na zona do Tejo. Ou seja, ao contrário de que muitos apregoam, não é em Odemira que residem todos os males do tráfico humano. O problema é transversal ao país... e há muito por fazer!
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