16h10 - quinta, 15/11/2018

Constrangimento RH3O


Hélder Guerreiro
A região Alentejo é um território imenso e é a confirmação de que não existem lugares iguais em Portugal. Digo isto porque muitos sabem que não concordo com a ideia/abordagem de que existe um Interior e, por oposição, um Litoral! Cada um com o seu "fardo" e estigmas associados (diz um amigo meu de que o contrário de Interior não é Litoral e sim Exterior).
Dizia eu, portanto, que o Alentejo é esta imensa e fervilhante montra de diversidade e que, enquanto região administrativa, liderado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDR), procurou dar o seu contributo para esta primeira fase da reflexão estratégia sobre um Portugal pós-2020. É publico que o fez em todas as sub-regiões do Alentejo em sessões para as quais convidou os atores coletivos da região.
Gostava de realçar, neste aspeto, a importância de a CCDR ter desenvolvido este trabalho, sendo que isso representa bem aquilo que é uma das suas tarefas centrais: convocar e mobilizar os atores da região para a necessidade de uma permanente reflexão sobre o nosso futuro coletivo.
Dirão que não participaram todos. Dirão que alguns nem foram convidados. Dirão que foi um curto espaço de discussão. Talvez! Na verdade, existem sempre boas razões para sentirmos a legitimidade de ajudarmos a que de cada vez que aconteça, que aconteça melhor.
Dito isto gostava de me centrar sobre dois constrangimentos fortes que senti evidenciados nas sessões em que participei. Sei bem que terão sido mapeados outros constrangimentos, mas estes dois são, para mim, o centro do futuro da região.
O grande e transversal constrangimento é, nas suas mais diversas abordagens, a sustentabilidade demográfica ou os recursos humanos (RH). O outro grande constrangimento e, igualmente recurso, é a sustentabilidade do uso da água (H2O). Se pensarmos que os dois constrangimentos estão muito ligados, pelas relações que criam nos diferentes locais do Alentejo, poderíamos brincar com as letras e dizermos que o Alentejo tem um desafio central definido como RH3O!
Se não acreditam, então desloquem-se a uma localidade extraordinária deste imenso Alentejo que é São Teotónio (terra onde nasci) e sintam a extraordinária transformação demográfica e cultural em curso, só porque existe um recurso água para rega (perímetro de rega do Mira) que as empresas, de forma exponencial, começaram a utilizar há alguns anos com culturas de frutos vermelhos, que precisam de aproximadamente 10 pessoas por hectare na fase da colheita.
Não vale a pena contar, mais uma vez, a história económica e social (de emprego) que foi trazendo a esta localidade pessoas que começaram por ser centenas de russos e que hoje são milhares, e, de inúmeras nacionalidades que vão desde a Bulgária até a longínquas paragens como a Tailândia, o Nepal e/ou a India.
São inúmeras as transformações locais, como são as tristezas e as alegrias das pessoas que ali nasceram. São brutais os constrangimentos e as oportunidades que ocorrem por estarem a viver pessoas num local que não tem a capacidade de recebe-los a todos, com dignidade. Sobre este exemplo de RH3O destaco três exemplos simples deste local real: um dos acólitos do padre local é de nacionalidade indiana (não tenho a certeza absoluta) e já são dadas missas em línguas especificas; o dono de um dos talhos locais contratou empregados tailandeses (também não tenho a certeza das nacionalidades) para poder captar mais clientes; a minha filha diz que a rua onde temos a nossa casa cheira aos cozinhados do pai (gosto de usar caril).
Estas histórias que juntam o poder do RH3O indicam uma coisa simples: as comunidades sofrem muito para se adaptarem a estas gigantescas transformações (é mesmo do que estamos a falar), mas são resilientes e encontram os seus caminhos, mesmo nos sitios escuros.
Mas este já é o tempo de as instituições ajudarem estas comunidades. Para alem dos processos fabulosos de integração que já estão a acontecer, promovidos pela Câmara, juntas, TAIPA e empresas, é mesmo o tempo de as instituições nacionais e regionais olharem para o local e ajudarem quem lá está!
É urgente! Só isso…

O autor escreve com
o novo Acordo Ortográfico



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